Dourados
Apenas uma Reflexão Sobre o Amor
Por: Prof. Esp. Leonardo Pescinelli Martins
Data: 21/06/2025
Vivemos tempos em que falar sobre amor é, por si só, um ato de coragem. Amor em sua forma mais radical, mais generosa e mais humana. Não falo do amor domesticado pelas convenções, mas daquele que ousa ultrapassar as fronteiras do preconceito e se manifesta como acolhimento, como reconhecimento da dignidade do outro.
Não é o Jesus das catedrais douradas que me inspira, mas o Jesus errante, o filósofo que caminhou entre os invisíveis e abraçou os que o mundo rejeitou. Aquele que disse: “Amem-se uns aos outros como eu vos amei” — e com isso, nos apresentou a empatia como um mandamento revolucionário.
Amar o próximo como a si mesmo é olhar para o outro — sua pele, seu corpo, sua identidade, sua história — e reconhecer ali um reflexo da humanidade que também nos habita. A pluralidade não é ameaça; é riqueza. A diversidade de gêneros, orientações e expressões é a forma mais autêntica que a natureza encontrou para se manifestar em nós.
Como bem disse Simone de Beauvoir, “o ser humano não nasce mulher, torna-se”. E ouso ampliar: ninguém nasce apenas em um rótulo — florescemos, todos nós, no terreno fértil da nossa verdade interior. Foucault, por sua vez, nos alertou sobre os perigos de normatizar a sexualidade, lembrando que ela deve ser vivida com ética, liberdade e responsabilidade. E Fromm, ao falar do amor maduro, definiu: “o amor é a preocupação ativa pela vida e pelo crescimento do que amamos.”
É esse tipo de amor que nos liberta. É essa escuta atenta, essa empatia radical, esse respeito inegociável que devemos cultivar.
A diversidade LGBTQIAPN+ não ameaça a sociedade — ela a expande. Nos desafia a sair dos limites estreitos da tradição e a reconhecer que a vida nunca coube em fórmulas prontas. E se Jesus, em sua caminhada, nunca perguntou sobre a sexualidade de quem estendia a mão, por que nós ainda impomos condições para amar?
A vida é plural. E hoje, mais do que nunca, escolhemos amar. Amar sem medo, amar sem reservas, amar com a coragem de quem sabe que amar é, em última instância, humanizar-se.
Você precisa estar logado para postar um comentário Entrar